Quando pensamos em Eugene Smith, o que vem à cabeça é imediatamente as palavras Magnum (apesar de já ser conhecido antes mesmo de sua entrada na agência), fotojornalismo e fotodocumentarismo. E, por fotojornalismo e documentarismo, entende-se a cobertura da Segunda Guerra Mundial ou outros conflitos e, ainda, os típicos ensaios sociais para a famosa revista Life. Suas fotos são inegavelmente (e incrivelmente) representativas do legado da fotografia humanista do pós-guerra. Uma rápida pesquisa pelo nome do fotógrafo no google faz você encontrar clássicas imagens como estas...
No entanto, um dos trabalhos de Smith que mais me interessam - apesar de pouco mencionado - é o material que originou o Jazz Loft Project. Em 1957, após desistir da carreira na Life e de não estar mais tão satisfeito em fotografar como freelancer, Eugene mudou-se para um loft no número 821 da Sixth Avenue, Flower District, em Manhattan.
E lá passou a documentar reuniões de grandes artistas e músicos, uns já residentes; outros, visitantes. Entre eles, grandes nomes do jazz, como Bill Evans, Thelonious Monk, Hall Overton e Chet Baker. Há registros de que até Dalí (o pintor) entrou na dança, que rendeu mais de 40 mil imagens e 1700 fitas de gravação entre o interior do loft, a cena noturna musical de NY e as paisagens que avistava de sua janela boêmia.
O resultado desses 8 anos de registros de festivas reuniões e intensa vida no lugar (entre 1957 e 1965) chama-se The Jazz Loft Project, e foi dirigido por Sam Stephenson e organizado pelo Center for Documentary Studiesda Universidade de Duke, em parecia com o Center for Creative Photography, da Universidade do Arizona, e a Fundação W. Eugene Smith.
O projeto é um incrível trabalho de catalogação e preservação das fitas, de pesquisa das fotografias e entrevistas com os personagens do loft. É um compêndio de tudo o que acontecia naquele edifício de cinco andares, sem edições e com qualidade impressionante. É possível ouvir desde um solo de cello até um monólogo de Eugene sobre suas fotos da Segunda Guerra.
Agora, delicie-se...
♪ acessando o site do projeto, com informações completas (imagens, sons, séries de rádio, blog);
♪ comprando o livro, de 2009, na Amazon.com ou pela Martins Fontes, no Brasil (de nada!);♪ lendo uma reportagem maravilhosa, também de 2009, do NY Times;
♪ dando uma curtida na página do projeto no Facebook;
♪ descobrindo informações a respeito de um documentário sobre o projeto que será lançado pela
WNYC, mesma produtora das séries de rádio;
♪ sabendo como foi a performance-instalação, Chaos Manor, inspirada na história.
O projeto é antigo, eu sei, mas espero que valha para aqueles que ainda não conhecem essa extraordinária história que une o jazz e a fotografia. É uma pena a exposição nunca ter vindo para o Brasil, mas encontrar todas essas coisas na rede é um dos grandes motivos para amar a internet. Fiquem, então, com uma entrevista do diretor do projeto, Sam Stephenson, de dentro do 821 Sixth Avenue.
0 comentários:
Postar um comentário